Armas e livros no novo Brasil
Hoje foi um dia estranho. De manhã, tentaram me convencer de que Bolsonaro só não fecha o Congresso porque não quer, mas que ele é "prudente" e tem 5 generais na mão, e que militares são ilibados e não-corruptos.
Tentei conversar, dizer, falar, contra-argumentar, mas não havia espaço algum. Se eu tentava falar, o homem apenas falava mais alto, e mais e mais. Dizia sobre as virtudes do exército e de como ali não há corrupção.
Há certa relação direta entre o aumento no tom de voz e o desconhecimento dos fatos, pois a Ditadura era muitas coisas, mas especialmente era muito corrupta (1, 2, 3, 4, 5, 6). Tanto quanto o aumento no tom de voz anula o outro e transforma a relação numa pequena guerra.
Afinal, "guerra" é o que a turma do Bolsonaro quer fazer passar entre a gente. Um governo cujo plano de governo é inexistente (são 80 slides mal feitos e com erros de português, basta ir lá ver), mas cuja existência, por não existir plano, precisa então do fato de que algum inimigo exista ou caiba na carapuça.
O segundo fato estranho foi ter ouvido, de forma natural, que as universidades públicas serão fechadas ou privatizadas. Caiu assim, espontâneo, simples, direto, como fato consumado. A pessoa falava, mas parecia não estar tendo noção da gravidade do que falava. Era como quando você está desatento e acaba aceitando algo que alguém diz para você. Só que a pessoa estava desatenta e, ao mesmo tempo, falava daquilo: a universidade pública vai acabar.
O terceiro foi a notícia da liberação de armas no Brasil, ou mais precisamente o fato de que o brasileiro poderá ter em casa um fuzil.
Às vezes, o sentimento de que o Brasil se perde, de que a guerra ou a desesperança se aproximam mais e mais, é insuportável.
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