Bolsonaro e a doutrinação do ENEM
Bolsonaro disse ontem, a respeito do ENEM:
Será isso mesmo? Vamos à questão do ENEM:
Conforme divulga o link, a resposta correta é a "C".
Agora vale prestar atenção e responder ao seguinte: estamos diante de uma questão sobre LGBT ou sobre língua portuguesa, envolvendo a definição de dialeto e uma pequena dose de interpretação de texto?
Os bolsonaristas poderiam, nisso, responder: mas por que então escolher um dialeto gay? Não haveriam outros dialetos, igualmente minoritários?
A resposta óbvia é: se há tantos dialetos e minoritários, que diferença faz numa questão de língua portuguesa? Há tanta utilidade em escolher um quanto outro.
Pegou mal para Bolsonaro... Em primeiro lugar, porque ele simplesmente não leu a questão. Em segundo, sendo uma questão sobre dialetos, por que alguém proibiria um dialeto em detrimento dos outros?
O critério da prova não deveria ser neutro? O estudo da língua, como poderia dizer Bolsonaro, não deveria ser "neutro"? Afinal, é uma prova de português!
A respeito disso, Eduardo Bolsonaro comentou em seu twitter:
Tem faltado professor aí... pois, além de interpretação de texto, faltou no texto de Bolsonaro também outras coisas, como concordância, eliminação de verbos excessivos e gerundismos.
Esta prova do Enem – vão falar que eu estou implicando, pelo amor de Deus –, este tema da linguagem particular daquelas pessoas, o que temos a ver com isso, meu Deus do céu? Quando a gente vai ver a tradução daquelas palavras, um absurdo, um absurdo! Vai obrigar a molecada a se interessar por isso agora para o Enem do ano que vem?, e depois arrematou:
Podem ter certeza e ficar tranquilos. Não vai ter questão desta forma ano que vem, porque nós vamos tomar conhecimento da prova antes. Não vai ter isso daíSuas teses estão bem claras: segundo ele, há uma conspiração esquerdista no ENEM, com questões focadas em gênero para os jovens "se interessarem" em coisas do tipo.
Será isso mesmo? Vamos à questão do ENEM:
Conforme divulga o link, a resposta correta é a "C".
Agora vale prestar atenção e responder ao seguinte: estamos diante de uma questão sobre LGBT ou sobre língua portuguesa, envolvendo a definição de dialeto e uma pequena dose de interpretação de texto?
Os bolsonaristas poderiam, nisso, responder: mas por que então escolher um dialeto gay? Não haveriam outros dialetos, igualmente minoritários?
A resposta óbvia é: se há tantos dialetos e minoritários, que diferença faz numa questão de língua portuguesa? Há tanta utilidade em escolher um quanto outro.
Pegou mal para Bolsonaro... Em primeiro lugar, porque ele simplesmente não leu a questão. Em segundo, sendo uma questão sobre dialetos, por que alguém proibiria um dialeto em detrimento dos outros?
O critério da prova não deveria ser neutro? O estudo da língua, como poderia dizer Bolsonaro, não deveria ser "neutro"? Afinal, é uma prova de português!
A respeito disso, Eduardo Bolsonaro comentou em seu twitter:
Prezados estudantes, quando vocês forem ser entrevistados para um emprego ou estiverem abrindo um empreendimento aviso: sexualidade, feminismo, linguagem travesti, machismo e etc terão pouca ou nenhuma importância. Portanto, estude também o que lhe deixará apto para a vida.Olhem a tese: é preciso conhecimentos para se estar "apto à vida", e não essa coisa de aprender coisas de sexualidade. Em certo sentido, quem discordaria dele? Nem o criador da prova do ENEM! Ele poderia inclusive complementar que é essencial para a vida a interpretação de texto.
Tem faltado professor aí... pois, além de interpretação de texto, faltou no texto de Bolsonaro também outras coisas, como concordância, eliminação de verbos excessivos e gerundismos.
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De todo modo, ocorre aí algo muito grave.
Entendemos que os Bolsonaro estão errados e a "doutrinação do ENEM" é uma mentira. Mas algo aí não passou como mentira, e é o próprio episódio.
Hoje foi o episódio do ENEM, ontem o das "mamadeiras de pinto", anteontem o do manual de doutrinação do MEC...
Todos os episódios se comprovam como mentirosos. Mas algo permanece: a pauta. Já é um ensinamento antigo que uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade. Não à toa, os professores estão sofrendo tantos constrangimentos.
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