De Maduro ao Brasil


O apoio do presidente Bolsonaro à deposição de Maduro, na Venezuela, tem uma função pouco percebida, não na política venezuelana, mas na brasileira.

Há pouco o PT, encabeçado por Gleisi Hoffmann, cometeu uma ação desastrada (senão desastrosa), ao estar presente na controversa posse de Maduro, reeleito em 2018. Fazendo isso, para a percepção do brasileiro comum o PT se alinha com o que parece uma crise clara e um governo duvidoso, uma vez que as eleições na Venezuela não foram absolutamente normais e o clima político brasileiro é incrivelmente polarizado. Com a sinalização de Gleisi, o PT se identifica com diversos estereótipos brasileiros sobre a esquerda em geral e o PT em particular: seriam adeptos de ditaduras de esquerda, repressão e corrupção estatal.

E isso acarreta em consequências bastante concretas. Porque não possui plano de governo senão o da acusação de um "inimigo" que precisa existir para justificar a própria existência, Bolsonaro agora investe numa política externa ligada não apenas à reprovação de Maduro, mas à sua deposição. Para Bolsonaro, não é suficiente reprovar o regime venezuelano, mas intervir em sua legitimidade e, pior, seu futuro.

Somada à atitude do PT, é como se isso desse a Bolsonaro uma espécie de argumento: é preciso perseguir ou depor não apenas o "inimigo" externo, mas especialmente os internos. Afinal, se o PT é uma espécie de irmão siamês da política de Maduro, não se deve depor apenas Maduro, mas também tudo o que representa o PT em particular e a esquerda em geral.


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