Estado de compadrio

Preso à noite e deputado de dia, deputado vota a favor de Temer "conforme orientação de partido":

Preso em regime semiaberto, o deputado Celso Jacob (PMDB-RJ) foi o voto número 171 a favor do presidente Michel Temer. Jacob foi preso pela Polícia Federal, em cumprimento à determinação expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 23 de maio

Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é estado de direito. É estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário
, disse Roberto Barroso para Gilmar Mendes

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Les dystopies et la ruine du monde

Entretien avec Gregory Claeys, auteur de Dystopia : A Natural History.

Comment qualifier la période dans laquelle nous vivons ?

Une personne instruite ne peut qu’être pessimiste quant aux perspectives de l’humanité pour le siècle à venir, un siècle décrit par le scientifique britannique Sir Martin Rees comme « le dernier siècle de l’humanité ». L’échec des pays à se mettre d’accord sur des contrôles environnementaux beaucoup plus stricts que l’accord de Paris vont de pair avec une augmentation d’une multitude de mauvaises nouvelles allant de la fonte des glaciers et du déclin de la jungle amazonienne au réchauffement de la Terre et des océans. Les nouvelles en 2017 ont été pires sur ces thématiques que ce qui avait été envisagé en 2016.

La preuve d’un réel déclin du bonheur personnel peut être apportée par la hausse des taux de consommation de drogues (l’épidémie d’opioïdes aux Etats-Unis), des taux de suicides et du traitement de la dépression. Il serait difficile de ne pas en déduire que non seulement nous sommes empiriquement dans une période de déclin très important (mesuré à l’échelle planétaire), mais aussi que nous commençons à réaliser le niveau de gravité de notre position et notre impuissance face à la catastrophe.

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Mamãe, não falei?

Incrível o nível de podridão do MBL. Eles realmente querem se afundar nessa da proibição do Santander, fazendo tudo parecer um "boicote".

A cereja do bolo é aquele playboy do "mamãefalei". Ele vai no meio da manifestação dita "de esquerda", pois se é contra o MBL, "só pode ser de esquerda", certo?

Ele chega com uma equipe, rodeado por outras câmeras, com o propósito claro de fazer provocações até ser agredido e filmado. É o típico palmeirense que quer rasgar uma bandeira do Corinthians no meio da arquibancada da Fiel.

As perguntas são mal formuladas, não afeitas ao debate (quem fala mais é ridicularizado) e deliberadamente feitas para constranger quem responde. É a típica postura do jornalista do plantão policial ao bandido: "você confessa que assassinou?"

"Você acha que foi boicote ou censura?"
"Censura."
"Mas se foi censura, qual lei proibiu?"

Tudo se passa como se o Santander fechasse o evento por "vontade própria", pois "respeita" seus clientes e não achou que a exibição contemplaria suas metas de "serviço". E por baixo, o MBL passa implicitamente a tese de que a exposição realmente foi sobre zoofilia, pedofilia e quetais, e logo, estava errada. A outra tese é de que a arte se reduz a propósitos de clientelismo e comércio: o cliente não gostou? Se a empresa é inteligente, que feche a exposição! Pois o MBL é, como dizem os dirigentes, o próprio povo, o Volk!

"Você é contra a Escola Sem Partido"?
"Sim"
"Você leu a lei?"

Como se as pessoas contrárias à lei fossem simplesmente ludibriadas sem conhecer qualquer teor, sendo automaticamente desqualificadas.

Além disso, as perguntas são fechadas e as respostas possíveis constam todas no script. Não há como "perder".

No fim da noite, lá estão os vídeos. Enfim, não é preciso discutir quando se tem a própria voz do Volk e o programa adequado das falas.

***

Disso tudo, não deixa de ser também surpreendente como os ditos manifestantes são sempre pegos e oferecem às vezes espetáculos grotescos. Muitos deles são, sim, dessa esquerda que se vê por aí.

Uma esquerda que apenas adota palavras de ordem e uma direita igualmente burra, com iguais palavras de ordem, mas uma câmera e alguns ensaios. Eis o estado da coisa.

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Lula é preso e decide delatar

Não seria inútil fazer o experimento mental: Lula é preso e decide delatar. O que aconteceria?

A justiça tem sido feita para levar a Lava Jato até onde for, ou para pegar Lula? Qual seria o tom da imprensa após uma eventual prisão?

Por exemplo, será que a imprensa cometeria um artigo como esse, da Folha, no qual Lula é novamente visto como fazendo um "embate" contra Moro, e a resportagem inteira é feita para canalizar o julgamento do leitor contra Lula, ao invés de fornecer elementos para que o leitor, ele mesmo, julgue?

Ou senão, vejamos: segundo a Folha, não se trata de um julgamento, mas de um "embate"; Lula está mais "nervoso", "acuado e agressivo"; "perto de explodir verbalmente" é "mais réu do que candidato". Além disso, se o feminismo não fosse "pró-Lula" (!), teria acusado ele de responder coloquialmente por "querida" a uma magistrada.

O mais incrível da reportagem é o jogo retórico: a reportagem inteira foca no "teor da acusação", de que Lula teria fugido ao assunto e Moro o manteria "nas cordas", isto é, respondendo apenas sobre o teor do processo. Mas sobre o processo e suas circunstâncias, a Folha nada comenta (nem sobre os comentários em jogo!). Igualmente, a Folha em nada comenta sobre as próprias fragilidades recentes da Lava Jato e do judiciário brasileiro.

Não é uma pauta para discutir publicamente acusações e acusados. É uma pauta passional para analisar o quanto um indivíduo, cultivado como "último chefão do jogo", está ou não balançando no "embate" contra a justiça (mas a imagem da justiça não era para ser imparcial??)

Por isso vale o exercício mental: e se Lula é preso e eventualmente decide delatar? Não estará a imprensa esgotada, e com ela também a Lava Jato? Todo o circo terá chegado ao ápice.

Teremos um povo orientado à "justiça" e com a sanha de que ela seja feita e apurada? Continuará Moro sendo um cruzado em nome da "justiça", ou pendurará as chuteiras ali?

A resposta a isso define se o Brasil é um lugar que vale a pena levar a sério ou onde vale a pena viver.

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Do ISIS ao retorno à vida

Linda fotoreportagem de Marcio Pimenta sobre as mulheres Yazidis que retornaram ao lar após serem submetidas à exploração sexual pelo Estado Islâmico.


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Tempos sombrios sob o termômetro da arte


Algo muito sério acontece, e não diz respeito à simples divisão entre "coxinhas e petralhas", "favoráveis e contrários", ou qualquer outra coisa ao gosto do freguês.

O Santander Cultural começou uma exposição chamada "Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", que iria até outubro.

A exposição organizava obras de diferentes estilos, artistas e épocas e buscava chamar tematicamente a atenção a questões de sexualidade e gênero no Ocidente. Dentre as obras, estavam ali gente de peso. "O Eu e o Tu", de Lygia Clark, e "Retrato de Rodolfo Jozetti", de Portinari, dividiam espaço com outras 270 obras de mais de 80 artistas. Constavam ali obras que sequer faziam parte do horizonte das "discussões" atuais, recuando inclusive para as últimas décadas do século XIX.

O MBL começou a acusar sistematicamente o evento, acusando-o de incitação à "zoofilia" e à "pedofilia". Esse vídeo fala em "zoofilia", "putaria" e "desmonte dos valores judaico-cristãos".

Surpreendentemente, o banco recuou e... cancelou a exposição!

O líder do MBL, Kim Kataguiri, comenta que desde von Mises o aprendizado é de que não existem mais reis, mas clientes, e o Santander, ao fechar a exposição, trata seu cliente como "rei". Disse ele:
Zoofilia e Pedofilia não tem absolutamente nada a ver com tolerância ou igualdade em relação aos LGBT (...) Mas isso não significa que podem pegar o nosso dinheiro, o dinheiro público para promover uma exposição para promover pedofilia, zoofilia e com hóstias, escritas com coisas como cu, como vulva, logo abaixo de uma imagem de Jesus Cristo.
O banco se manifestou publicamente. Em nota, pediu desculpas "a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra", e emendou:
 O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.

Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana.

A Revista Veja - a Veja! - mostrou as imagens com os pontos mais polêmicos.

Tudo isso é muito preocupante, pois não diz respeito a um episódio qualquer, mas ao que (de novo) estamos nos tornando. Ou senão, vejamos:

As "crianças viadas"



Uma das obras, que se refere ao termo "criança viada", é a colocação em arte de um meme que circulou não apenas nos meios LGBT: a multiplicação de fotos antigas, de filme, nas quais adultos postavam retratos de infância fazendo simplesmente pose de crianças, sem qualquer "norma" prévia. Como diria qualquer estudioso de Psicomotricidade (sério, busquem a respeito disso), a postura infantil é simplesmente diferente da adulta, do equilíbrio à rigidez muscular e à própria forma do corpo. As crianças são simplesmente desengonçadas, podendo eventualmente aparecer em fotos de uma forma que um eventual tirador de sarro chamaria de "viada". Disso ao meme (especialidade dos brasileiros, aliás), foi um pulo. A expressão "criança viada" não passou de uma tiração de sarro (também sujeita a todos os exageros tipicamente brasileiros, aliás...), uma brincadeira leve e descompromissada.

O meme ocorria desde 2012 e até então não havia sofrido qualquer repercussão negativa. A artista, Bia Leite, utilizou o meme para tematizar precisamente esse caráter de uma infância livre dos preconceitos adultos, muito longe de qualquer prejulgamento sobre sexualidade.

Disso, honestamente: qual é o caso mesmo? Não deixar as crianças verem? A meu ver, seria de fato meio chocante ver criancinhas em fila indiana numa exposição dessas, do mesmo modo que o jardim de infância francês visita o Museu de História Natural (se bem que lá tem cadáveres sem pele feitos pelos naturalistas do século XIX - será que um MBL incitaria também à proibição disso?).

Não tem qualquer lógica! Mas me parece difícil - senão surreal - pensar que alguma criancinha esteve de fato ali. Não vi qualquer referência real disso, mas se visse, isso não significa que uma exposição assim não deva existir, mas sim que o público destinado está um pouco estranho...

Os tempos estão tão loucos que é preciso comentar algo mais. Quando eu tinha 13 anos e estava na sétima série, aprendi muito bem nas aulas de Ciências - algo meio esquecido hoje em dia - sobre o que eram "órgãos sexuais" e "orientação sexual". Agradeço às aulas de Ciências por aprender ali algo sobre a vida, inclusive para não falar besteira e não me sentir um idiota numa eventual exposição sobre "crianças viadas".

Vamos ser sinceros? Você, leitor, acredita que crianças muito novas visitariam algo assim, e que as crianças mais velhas contemplariam tudo se mantendo simplesmente abestalhadas? Desculpe, mas quem pensa assim está idiotizando a si próprio e suas próprias crianças.

Além do mais, nos distanciamos do ponto: onde está a pedofilia, ou pior ainda, a incitação a ela? Pelo que eu saiba, arte não é incitação, e pelo visto, a arte em questão não incita (a não ser para eventuais perversos, certo?). Vivemos, sim, em tempos sombrios. 

"O que não está em linha com nossa visão de mundo"

Se "discutimos" tais coisas, é porque o leitor esqueceu de uma palavrinha chamada iconoclastia.

Vale fazer o experimento: cruzar no Google (desculpem a palavra erótica "cruzar") as palavras "iconoclastia" e "história da arte". A arte moderna (sério, vale pesquisar), para não dizer a arte em geral, sempre teve episódios iconoclastas. 

Essa não é a primeira, nem será a última exposição, que mostra cenas de sexo e zoofilia, aliás, figuras constantes de arte "iconoclasta". Não esqueçamos também a exploração das figuras religiosas. Vale dizer: não é simples culto ao diabo (gente, não faltem às aulas de História ou aos rodapés de suas Bíblias!), mas sim... arte!

Eis novamente o ponto: as pessoas estão perdendo a noção das coisas, e isso não é privilégio da "direita".

A julgar o que andam escrevendo por aí, é de se perguntar sobre quando foi que a arte virou um manual de instruções dizendo o que as pessoas devem ser, ou ainda algo que só pode existir a gosto do freguês. Não seria a arte um modo de expressão, eficaz inclusive para compreendermos nosso próprio mundo? Aliás, dêem uma olhada na "temível" imagem que, segundo o MBL, "incita" a zoofilia:



Surpreende, e muito, ver o banco dizendo que se preocupa em "promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo" e, logo depois, por simples pressão de um movimento como o MBL, declarar que tais artes "desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo", não gerando "inclusão e reflexão positiva" e "perdendo" "seu propósito maior, que é elevar a condição humana" (sic! - quase entrevi Platão no meio).

Se algo está indo ladeira abaixo por aqui, é a condição humana. Pressionado por um movimento partidário que se auto-declara "Brasil livre", um banco recuou toda a logística de sua exposição de arte. E a cereja do bolo: chamaram o banco de esquerdista e comunista (!)

Pelo visto, já estamos em plenos tempos sombrios de patrulhamento ideológico. A vigilância sobre a arte o atesta. A História já ensinou bastante sobre onde isso foi parar. Aliás: não é exatamente isso que o MBL julgava acusar naquilo que chama de "adversários"? Não é de se admirar que isso apenas ocorre sob forma de reação, e da pior possível: da auto-promoção de um movimento sob a projeção de um inimigo perpétuo e conspiracionista. Inimigo que adquire existência  quando o "Movimento" bem entender e apontar o dedo. Pura doutrinação.

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Nietzsche numa biografia consistente

Informe sobre "Nietzsche: Uma Biografia", de Curt Paul Janz, saído não faz muito tempo.

Janz segue a cronologia e a divisão por fases. O primeiro volume se ocupa dos anos de infância e juventude até a década na qual Nietzsche atua como professor de filologia na Basileia (1869-1879). O afastamento da vida acadêmica deu ensejo a uma verdadeira revolução. Adentramos a década na qual foram concebidas e concluídas quase todas as obras decisivas (1879-1888), abordada no volume dois. Por fim, o volume três descreve a doença, a loucura e a morte (1889-1900), além de trazer um farto levantamento de documentos, remissões e iconografias.  

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Manhatan under fog, Domingo Leiva

Manhattan under fog by Domingo Leiva on 500px.com

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Russians, Americans, British (John Steinbeck, 1947)


“It seems to us that one of the deepest divisions between the Russians and the Americans or British, is in their feeling toward their governments. The Russians are taught, and trained, and encouraged to believe that their government is good, that every part of it is good, and that their job is to carry it forward, to back it up in all ways. On the other hand, the deep emotional feeling among Americans and British is that all government is somehow dangerous, that there should be as little government as possible, that any increase in the power of government is bad, and that existing government must be watched constantly, watched and criticized to keep it sharp and on its toes.”
John Steinbeck, Russian Journal (Diário Russo)

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A imortalidade transformada em vinil

É curioso. A crença cristã de que os mortos deveriam ser enterrados tem (ou tinha) um papel bem preciso para os ocidentais: no dia do Juízo Final os mortos se levantarão do túmulo para o julgamento.

Essa narrativa possui inúmeras variantes e até problemas filosóficos. Por exemplo, o que aconteceria num caso de canibalismo, ou de alguém enterrado com as partes separadas, ou mesmo com os restos devorados por outros animais? Como se apresentariam no dia do Juízo?

Por diferentes que sejam as narrativas, persistia algo comum: havia algo no homem de imortal, e esse algo faria corpo com o próprio corpo do sujeito. Em suma: viver não é ter uma simples vida que vai à cova, pois meu corpo e minhas ações criamos resultados importantes para os homens - e até ao destino celeste - que ultrapassam em muito nossa simples existência terrena, ou mesmo o papel terreno de nossa existência.

Chega a ser redundante dizer que para o ocidental - não apenas para o cristão -, e para tantas outras  culturas, a morte nunca foi o mero fim da vida.

Mas hoje em dia não ocorre exatamente o mesmo. Veja-se, por exemplo, a empresa que oferece o serviço de transformar cadáveres em objetos de uso - discos de vinil ou canecas, por exemplo. Como se, ao invés de você mandar que fizessem um vinil ou uma caneca com sua foto, o próprio vinil ou caneca poderiam ser você. 

Na reportagem, a existência de uma velha senhora ganhou serventia - e sentido - ao servir para os lamentos privados de algum parente que ficou. Tudo o que ela foi, convertido não em espera pelo Julgamento ou a realização final do Universo, mas num simpático vinil. Num belo dia, ele pode "tocar" a velha. De uma forma bem diferente do jovem que conseguiu jogar videogame com seu pai falecido, aliás (eu diria: aí sim, uma história com desdobramentos interessantes a partir de nossas tecnologias)

Voltemos ao vinil da velha. Como vantagem, a empresa declara: um artigo como o vinil pode durar diversas gerações!

Isso não deixa de ser um pouco perturbador. Lembro, por exemplo, da decisão de Aquiles, o herói grego que fundou o Ocidente: ele poderia fugir de Tróia e constituir uma vida econômica, ou poderia ficar e morrer, transformando-se em imortal. Que o leitor fique com a passagem da Ilíada:

Na verdade me disse minha mãe, Tétis dos pés prateados,
que um dual destino me leva até ao termo da morte:
se eu aqui ficar a combater em torno da cidade de Tróia,
perece meu regresso, mas terei um renome imorredouro;
porém se eu regressar a casa, para a amada terra pátria,
perece o meu renome religioso, mas terei uma vida longa
Não deixa de ser um pouco cômico imaginar que Aquiles poderia decidir se transformar num vinil, e não no Aquiles de céleres pés, herói cujo esplendor permaneceu imortal na memória dos homens.

De todo modo, o serviço está aí. O nome do empresário - tão afim aos tempos atuais - é Jason Leach, para quem tiver interesse.

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Capa e Steinbeck: Diário Russo



A agência Magnum publicou deliciosa reportagem sobre a viagem de Robert Capa e John Steinbeck à URSS, que resultou no livro "Um diário Russo" (esgotado?). Informe sobre o livro aqui., aqui, aqui e aqui.

“What makes Capa a great photo journalist?" asks a reporter covering a 1998 retrospective of his work. "We see his own appetite for life, his mix of urgency with compassion . . . the artistic thrust of his photography always had more to do with its emotional pitch, which remained genuine and deeply felt." Or, in Capa's own words, a great picture "is a cut out of the whole event which will show more of the real truth of the affair to some one who was not there than the whole scene.” 

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O maior fotógrafo brasileiro contemporâneo que nunca existiu


O suposto fotógrafo Eduardo Martins gostava de mostrar nas redes sociais suas viagens pelo mundo (Foto: Reprodução/Instagram)

Há alguns dias, anunciaram a morte de Eduardo Martins, fotógrafo brasileiro que intercalava seu tempo entre zonas de guerra e ondas australianas.

Tanta coisa assim, de repente, se comprovou falsa: Eduardo Martins não fotografava na guerra, não pegava onda e nem era fotógrafo. Incrível notícia!

De algum modo, Eduardo Martins foi algo muito adequado ao momento atual do Brasil.

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Entre ejaculações e indícios

"O crime de estupro tem como núcleo típico constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Na espécie, entendo que não houve o constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado"
, diz o juiz que não entendeu como crime grave o fato de um indivíduo ejacular numa mulher num ônibus, em SP. Antecedentes? O sujeito já teve 17 passagens na polícia por crimes sexuais.

Em meio a isso tudo, vale lembrar: uma das notícias mais repetidas dos últimos anos é a do "estupro" que Julian Assange teria cometido em duas suecas. O sexo havia sido consentido, sem qualquer "constrangimento". Mas com uma delas, a camisinha havia estourado. Com a outra, houve duas relações, uma com e outra sem camisinha.

Isso teria validado a acusação de estupro. Depois disso, aquelas inúmeras ameaças de condenação e deportação aos EUA, onde Assange poderia ser condenado à morte.

A diferença em relação ao caso brasileiro é gritante...

Ou mudemos o assunto, para a relação entre "provas" x "convicções" na própria justiça brasileira. É famosa a acusação de Deltan Dallagnol a Lula. Diversos indícios para convicções valeriam como prova? Isso motivou, em muito, a postura do juiz Sérgio Moro.

Moro ganhou de presente um filme, chamado "A lei é para todos". Lição de moralidade na justiça, certo?

A considerar isso tudo, a justiça tornou réus os 18 presos naquela macarrônica infiltração de um agente do exército, o tal "Balta Nunes", num simples grupo de pessoas que iriam a uma manifestação contra o impeachment. Para quem não lembra: o exército brasileiro infiltrou um capitão para... monitorar chats de internet e detectar possíveis terroristas! O cara encontrou apenas alguns indivíduos comuns, alguns revoltados, outros até exaltados. Talvez até tenha incitado algum dado mais radical para gerar o "flagra".

O que fizeram os incautos arrebanhados pelo corajoso Balta? Nada! Mas foram presos e agora são réus. O que diz a justiça é que há muitos indícios. Indícios de que fizeram algo, certo? Não! Mas sim de que "poderiam" ter feito.

Mas talvez não houve tantos indícios quando prenderam aquele filho da desembargadora, carregando mais de 100 Kg de drogas e munição de fuzil. Ela foi pessoalmente para soltá-lo.

A imagem do Brasil atual é um homem ejaculando no cartaz do filme "A lei é para todos". A definir qual será então, aí, a aplicação da lei.

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Obra completa de Deleuze para download

Muito boa a compilação do Conexões Clínicas contendo vários livros de Deleuze.

Precioso link para guardar na coleção.

A arte é a linguagem das sensações, que faz entrar nas palavras, nas cores, nos sons ou nas pedras.

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Trabalho formal, mas sem carteira

"O trabalho por conta própria não necessariamente é informal, ele apenas não foi registrado na carteira de trabalho"
diz o economista com chancela da colunista de O Globo.

Os habitantes brasileiros de 2017 são incríveis. O trabalho formal mas sem carteira sempre teve grandes índices brasileiros, sussurrou alguém ao lado. Desde a escravidão.

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A "geração smartphone" e a vida adulta

A BBC publicou há pouco reportagem: "A geração smartphone, que bebe menos álcool, faz menos sexo e não está preparada para a vida adulta".

É muito curioso, pois se a reportagem chama a atenção à "hiperconectividade" da geração atual, preparada para se "informar" sobre quaisquer assuntos, de outro essa hiperconexão não permite um preparo para a vida adulta.

Mas enfim, o que é ser adulto?

Colado com esse, outro informe chamou muito a atenção: estamos criando uma época na qual é possível uma educação on demand, na qual não importam mais players até então importantes como professores ou um horizonte formativo, mas sim uma espécie de educação formatada sob demandas privadas. 

Nessa estranha onda atual, o discurso brasileiro pretende passar a idéia de que a educação é um problema privado, situado em questões de demandas particulares. Nesse sentido, por que não seria o mesmo em relação aos governos?

Há alguns anos, governos como o do Estado do Paraná começaram a empreender uma curiosa prática (o que me surpreende é que ocorreu sob o nome de Flavio Arns): contratar professores temporários no início do ano, para demiti-los no fim.

Esse ponto conquistado criou condições de possibilidade para que as coisas avançassem novas etapas: a criação do "professor Über", aquele que transformou a educação em bocada e precisa responder no aplicativo se dará aulas ou não.

Disso, vale lembrar algumas coisas como, por exemplo, o esvaziamento das licenciaturas brasileiras, coexistindo com anúncios de faculdades nos quais o Luciano Huck diz que ser professor pode ser um "complemento de renda".

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Sobre o blog



Em tempos de "pós-verdade" e de automática responsividade do Facebook, ficamos todos "ansiosos", vivendo em perpétua excitação e cansaço.

Algo se passou. Há muito, diziam sobre o perigo do internauta (palavra que já ficou antiga) se transformar num "zumbi cibernético".

De algum modo, já nos tornamos. Basta entrar num desses ônibus lotados - quem usa, sabe - para precisar de algum portal de escape para fora dessa vida tão... estranha. E lá vai o transeunte deslizando o dedo por entre informações, que se vão no esquecimento com a força de uma enxurrada (antigamente, ao menos os jornais embalavam os pacotes de leite).

De repente, a web precisaria de um recuo, em direção à própria pele. Já vi muita gente comparando a internet aos jornais de outrora, ou a fotografia digital com a fotografia analógica quando substituiu a pintura.

Mas algo diferente tem se passado. O "salto" tecnológico não é igual ao do rádio, da TV ou da câmera analógica. Há algo mais, e não sei bem se isso é um "salto".

É preciso ver as coisas mais de perto. É preciso, talvez, também manter certa distância, deixar de lado tanta excitação instantânea para ver melhor o que se aproxima.

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Fotografia e composição

Ascension by Jkboy Jatenipat on 500px.com

Incrível vista de Torres del Paine... com incrível arte visual.

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Kant no século XXI

O Prof. João Fernandes Teixeira acabou de publicar "Kant no século XXI: a “Crítica da Razão Pura”, a filosofia da mente e a ciência cognitiva", pela Editora Fi.

Parece um belo texto de introdução, sem perder o rigor. O livro pode ser baixado gratuitamente. Release:

O grande processador que organiza o conhecimento é, na filosofia de Kant, o sujeito transcendental, um sujeito idealizado, uma máquina virtual que recebe a informação vinda do mundo e a unifica de acordo com um conjunto de regras lógicas universais, transformando-a em conhecimento. Se fizermos uma analogia com um computador, isso significaria que ele queria desvendar o sistema operacional dessa máquina, o Windows ou o Android, que servem de organizadores básicos da informação. Um sistema operacional é um software que pode ser executado em vários tipos de máquinas como um tablet, um smartphone ou um notebook. Um software é uma estrutura lógica que existe independentemente da base física na qual ele pode ser instalado. Da mesma forma, o sujeito transcendental é uma estrutura lógica que não depende de nenhuma mente específica. O estudo das características desse sujeito transcendental nos fornece as condições que tornam o conhecimento possível. Esse é o projeto da Crítica da Razão Pura. Quem folhear a CRP pela primeira vez encontrará nela três partes: a Estética Transcendental, a Analítica Transcendental e a Dialética Transcendental. Essas partes correspondem ao modo pelo qual Kant estabeleceu uma hierarquia virtual do conhecimento.

O Prof. Teixeira publicou também, há pouco, um capítulo em "Philosophy of Mind: Contemporary Perspectives", com vários outros autores. Vale a pena conferir.

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